Chuva de bênçãos
A Bíblia, o pão e o esparadrapo
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FAIXA PRETA NA FÉ
O Prof. Paulo Roberto Jr. usa as artes marciais para levar jovens a Cristo
Carlos Fernandes
O jiu-jitsu é uma arte marcial de origem japonesa. Com o tempo, essa modalidade se tornou bem brasileira, graças ao trabalho da família Gracie, integrada por célebres lutadores que se sucedem no ringue há muitas gerações. Marcada pela agilidade, disciplina e pelo respeito ao oponente, a luta tem cada vez mais adeptos no país. Vários deles passam pelas mãos do Prof. Paulo Roberto Telles Junior, de 49 anos. Especialista na modalidade, ele treina meninos e jovens em situação de vulnerabilidade social. Paulo Roberto não apenas ensina os melhores golpes, ou mostra como finalizar o adversário e vencer a disputa. Ele almeja algo maior: “Uso o esporte para mudar vidas.”
O lutador é um dos instrutores da Escola Carlson Gracie Team, em Jacarepaguá, bairro da zona oeste carioca. No centro de treinamento, Paulo Roberto está sempre cercado de alunos que têm nele a figura de um mestre. Esse ministério começou quando ele foi procurado por um homem que buscava ajuda para o filho de sua empregada, de 11 anos. Morador de uma comunidade, o garoto começava a se aproximar de traficantes. “Aceitei que viesse, mas sem pagamento”, lembra-se o desportista. “Esse menino trouxe mais uns oito, e dali se iniciou este trabalho, não só com eles, mas com outros atletas.”
Paulo ingressou no jiu-jitsu aos 20 anos, por incentivo de amigos e de seu pai, faixa preta na modalidade e no judô. “Eu me dedicava ao esporte”, conta. Contudo, tempos depois, percebeu que seria difícil viver de tal prática. Assim, procurou outra atividade e passou a trabalhar com iluminação de TV, ofício que exerce até hoje. “Nessa época, eu só treinava esporadicamente.” Faltava-lhe algo, e não eram apenas as lutas. Em 2013, o atleta voltou às competições, mas uma mudança fundamental aconteceu: “Tive um encontro com o Senhor mediante o programa do Missionário R. R. Soares e entendi o que precisava mudar em mim. Aceitei Jesus como Salvador, e tudo se transformou”, testemunha.
Na mesma semana em que se batizou nas águas na Igreja da Graça, Paulo foi convidado a ensinar jiu-jitsu. A princípio, hesitou, pois temia não poder arcar com os gastos com quimonos, tatames e a infraestrutura necessária. “Porém, entendi que aquela era a vontade do Senhor”. Em pouco tempo, a escola cresceu e, atualmente, ele instrui 18 alunos. “Pensava nas aulas como fonte de renda, e hoje Jesus não só me ajuda financeiramente, mas também me capacita para auxiliar outras pessoas.” O conhecimento da Palavra aumenta a concentração e determinação desse instrutor, elementos fundamentais para o sucesso de um lutador. Evangelista dinâmico, Paulo Roberto tem levado inúmeros aprendizes a um contato maior com Jesus, e todos os treinos são encerrados com oração.
As lutas de Paulo vão além do ringue. Em julho do ano passado, ele contraiu covid-19 e ficou internado vários dias, temendo perder seus pupilos. “Porém, o Espírito Santo me revelou que todos voltariam. Isso está acontecendo. Mesmo os afastados retornaram.” Membro da IIGD em Madureira (RJ), ele tem visto as bênçãos chegarem de diversas formas. “Um menino veio aqui e lutava com quimonos usados”, conta. O professor teve vontade de dar um novo para ele, mas, antes que fizesse as contas, foi procurado na rua por um homem que desejava lhe dar um dinheiro, segundo ele, “vindo do Senhor”. O recurso foi usado para comprar um novo quimono para o aluno necessitado. “Sou muito grato a Deus por isso.”