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UMA SÓ LÍNGUA, UMA SÓ FÉ
IIGD enfrenta com o Evangelho a secularização da sociedade portuguesa
Carlos Fernandes
Uma imagem associada à obra missionária transcultural é a do obreiro que deixa sua terra rumo a uma aventura de fé em regiões longínquas, muitas delas pouco acolhedoras e habitadas por povos que jamais ouviram falar de Jesus. Porém, há outro tipo de trabalho missionário igualmente importante, dirigido a nações de tradição cristã, que, com o passar do tempo, deixaram a espiritualidade de lado. Portugal, por exemplo, país de tantos laços com o Brasil, nas últimas décadas, tem caminhado na contramão do crescimento da obra de Deus feita do lado de cá do Atlântico. Com o avanço do secularismo e do materialismo, a sociedade portuguesa tem um grande número de ateus – e, mesmo entre os que se declaram cristãos, boa parte não se importa mais com a fé.
Nesse cenário desafiador, a Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD) semeia o Evangelho de Cristo e trabalha para levar um avivamento espiritual. São seis templos no país, sendo cinco na Grande Lisboa – Sede, Parede, Barreiro, Cacém e Sesimbra – e um na Cidade do Porto, região norte de Portugal. Eles reúnem, todas as semanas, um rebanho ainda em crescimento, mas bastante atuante. “Temos uma média de 300 pessoas frequentando nossas igrejas semanalmente”, informa o Pr. Leandro Machado, responsável pelo trabalho do ministério por lá. Se, hoje, prega a salvação e a libertação em Cristo, ele próprio experimentou a ação de Deus em seu viver: “Sofri com um pai alcoólatra e uma mãe enferma. Tivemos lutas na minha infância”. Machado se converteu na Igreja da Graça em Ribeirão Preto (SP) na adolescência e está em Portugal com a mulher, Luciana, e dois filhos há 18 anos. “A Igreja da Graça foi um instrumento de Deus para mudar minha família”, testemunha.
Bacharel em Teologia, Leandro Machado, 45 anos, é um líder estimado pelos membros da Igreja, que, carinhosamente, referem-se a ele como “reverendo”, como é o caso da empresária e guia de turismo, Maria Luísa Freitas, 64 anos: “Sou realizada por pertencer à Igreja da Graça. O Rev. Machado é comprometido com a Palavra e zeloso para com suas ovelhas”. Portuguesa e vinda de outra religião, ela conta que procurava uma experiência mais pessoal com Deus. Certa vez, em uma de suas viagens ao Brasil para visitar a família do marido, viu o Missionário R. R. Soares pregando na TV. Na época, por volta do ano 2000, foi também a um evento da Igreja da Graça no Estádio da Portuguesa, em São Paulo, e ficou maravilhada com as mensagens e a unção do Senhor.
De volta a Lisboa, ela soube que a IIGD abriria um trabalho na cidade. Não pensou duas vezes: “Fui uma das primeiras a frequentar o templo aqui. Se existisse uma carteirinha de membro, acho que a minha seria a número um”, brinca. Maria Luísa encontrou “o caminho, a verdade e a vida” nessa congregação. Com seu testemunho, os pais e o marido também conheceram Jesus, e, agora, ela clama pela conversão do restante da família. “Creio que o Senhor os alcançará”, afirma, cheia de fé.
Novos rumos
Atualmente, a Igreja da Graça em Portugal tem quatro casais de pastores e cerca de 30 obreiros, que se esforçam para que o Evangelho alcance mais portugueses e estrangeiros residentes no país. “É possível compreender como essa ausência de conhecimento da vontade divina se reflete na sociedade”, aponta Machado. “O país sofre devido a muitos problemas, como a falta de estrutura familiar, onde pais e filhos parecem seguir rumos distintos com pouca harmonia, o que resulta em uma velhice solitária. Acredito que, se os valores da Palavra fossem ensinados, a realidade seria outra. Além disso, temos um grande número de jovens que bebem e fumam demais. Estima-se que pouco menos de 1% da população frequente uma igreja evangélica.”
Em uma realidade como essa, é preciso aproveitar as oportunidades de anunciar Cristo. Além dos cultos regulares, a IIGD em Portugal usa bem as ferramentas de mídia eletrônica e digital. Se isso já era uma realidade antes da pandemia, ainda mais agora, após a crise provocada pelo novo coronavírus ter deixado os templos fechados durante meses e forçado a obra de Deus a encontrar novos rumos. Ao longo do último ano e meio, várias ações foram implementadas – e serão mantidas. “Tivemos de nos adaptar e criar novos métodos de evangelização e discipulado. Mesmo com o retorno pleno das atividades presenciais, queremos manter em funcionamento a Escola Bíblica On-line – que ministra aulas sobre assuntos da fé cristã –, na plataforma Zoom, e as transmissões de nossos cultos, às quartas-feiras e aos domingos, e também o podcast com temas atuais, que pode ser acessado no Youtube e nas demais plataformas”, enumera o pastor.
Para além das linguagens comuns das redes sociais, é preciso estar atento a particularidades culturais que tornam o processo de evangelização em Portugal mais aceito e efetivo. “Existem estratégias que funcionam no Brasil e que aqui, devido à cultura, não dão resultado”, continua Leandro Machado. Um exemplo disso é o estilo dos cultos: “Algumas expressões mais descontraídas não são apreciadas em Portugal. Basta comparar os ritmos da música brasileira, dançantes e alegres, com o fado, melodia mais calma e com tendência melancólica”. Isso sem contar com os detalhes mais sutis. O líder explica que, em decorrência da secularização de Portugal e do resto da Europa, não há perseguição religiosa. “O que se nota é um desprezo pela mensagem do Evangelho. O cristão pode ser visto como alguém ultrapassado. Porém, é preciso dizer que, uma vez convertidos, os portugueses demonstram uma grande firmeza na fé. É como declarou Jesus: temos de brilhar em meio às trevas”, conclui.
“Meu lugar”
As estratégias adotadas têm dado ótimos resultados. Que o diga o Pr. Rui Rodrigues, outro português convertido ao Evangelho por meio do ministério da Igreja da Graça. Ele era um jovem de 20 anos quando foi convidado a visitar a IIGD em Lisboa. “Logo me perguntaram se eu aceitaria uma oração em meu favor, e eu disse que sim. Uma voz me dizia que aqui era o meu lugar”, conta. Foi apenas o primeiro passo de uma longa caminhada com Cristo. “Desde a conversão, fui batizado e comecei a participar das reuniões e a me envolver com ministérios, como o de jovens”. Comunicativo, Rui passou a apresentar pequenos programas ligados à Igreja e fez cursos na Academia Teológica da Graça de Deus (Agrade). Logo percebeu um chamado e começou a se preparar para o pastorado. “Tudo veio em decorrência daquela voz, que ouvi no meu primeiro dia na Igreja da Graça”, garante.
Hoje, Rui pastoreia a IIGD no Porto. Casado com a Pra. Simone, com quem tem dois filhos, ele se vê sendo usado pelo Senhor a fim de alcançar muitas pessoas – inclusive seus compatriotas. “Na Europa, temos apostado no ensino da Bíblia mediante cursos e estudos na Igreja e nas casas”, explica. No que se refere à sede de Deus que o ser humano tem, Rui entende que a nacionalidade pouco importa: “O que importa é perceber a necessidade de cada indivíduo. É claro que a cultura faz diferença, mas o Espírito Santo nos dá a direção. As pessoas recebem a Palavra e a colocam em prática, vivendo o melhor de Deus”, completa. Assim, além de falarem o mesmo idioma, pregadores e ouvintes estarão sempre ligados em uma língua sobrenatural – a do Reino dos Céus.
2 Comments
A Igreja da Graça em Portugal é uma bênção. Sou feliz por fazer parte dessa mesma igreja. Os líderes são um exemplo a seguir. Acredito que um dia estarei a louvar na minha casa IIGD. Que Deus derrame chuva de bênçãos.
Que bom saber que você tem se alimentado nessa casa Ana. Que Jesus continue te abençoando!